Bye-bye Tevatron

O Tevatron é o maior colisor de próton e antipróton do mundo e está em operação desde 1983. Nesse tempo, foi protagonista da ciência mundial através de importantes descobertas em física de partículas, tais como a descoberta do quark top (que eu considero a mais importante no Tevatron), violação de simetria CP no decaimento do kaon, observação do neutrino do tau, observação de oscilações entre matéria e antimatéria, além da descoberta de um grande número de novas partículas. Nos últimos anos vem se dedicando à observação do bóson de Higgs, tendo excluído diversas regiões de massa. No final da sua vida nos presenteou com uma ótima e controversa história, quando do anúncio da descoberta do Z' pelo experimento CDF, que não foi confirmada pelo seu irmão, o experimento D0. Há ainda muitos dados a serem analisados e ainda vamos ouvir muito sobre essa grande máquina.
Mas vai deixar saudades. A turma do Tevatron vai agora se dedicar a novos projetos, também desafiadores, mas vai ficar um buraco nos EUA no que diz respeito à pesquisa em física de partículas feita em aceleradores americanos.
Jornalismo científico brasileiro é uma vergonha
Há bons jornalistas científicos brasileiros. Já concedi entrevistas a alguns. Mas a grande maioria, principalmente nas grandes empresas de mídia, é lamentável. Essa maioria não tem a menor noção do que escreve e acaba distorcendo as notícias para torná-las mais impactantes. Pensam que, como notícias de ciências não mudam o preço do dólar, qualquer besteira está perdoada.Hoje topei com um exemplo no Estadão (para variar, os comentários dessa notícia estão desligados, então nem dá para tentar corrigir alguma coisa). Na notícia "Cientistas dizem ter encontrado partícula que se move mais rápido que a luz" , o jornal afirma que os dados do LHC nos últimos anos permitiram medir partículas com velocidade acima da velocidade da luz. Não trás nenhum detalhe sobre a medida, como ela é feita, quais a limitações do resultado. Além de ter um erro conceitual gravíssimo, quando compara tempo à velocidade. Além desse resultado não ser proveniente dos dados do LHC.
Por outro lado, vejam a mesma notícia na Science, intitulada "Neutrinos Travel Faster Than Light, According to One Experiment". No título, "... According to One Experiment.", já deixa claro a necessidade de confirmação independente, que ainda é muito cedo para tomar esse resultado como verdade. Nela, além de dar o crédito ao experimento correto, explica como o experimento é feito, como os dados são tomados e suas possíveis limitações. Além de dar a notícia, educa cientificamente o leitor, mostrando a complexidade que é chegar em um resultado desse tipo e a importância de olhá-lo com muito cuidado, senão corre-se o risco de se terminar como o Z'.
Divulgação mal feita é muito pior do que não divulgar. Vejam o exemplo da "terra não ser redonda", de alguns meses atrás. Quando será que a imprensa científica brasileira vai aprender isso?
Atualização: A Folha de S. Paulo publicou uma matéria com os mesmos erros que o Estadão. Vejam aqui.
Atualização II: Hoje (23/9), por volta de meio-dia, a Folha de S. Paulo atualizou a matéria, corrigindo vários erros e adicionando mais imformação. A do Estadão continua a mesma coisa.
Terroristas têm feito físicos da América Latina de alvo
Recebi essa mensagem hoje, de John R. Wilson, executivo da IOP Publishing:"Físicos da América Latina têm sido alvo de um grupo anti-terrorista de tecnologia. Os terroristas tem enviado bombas a físicos da América Latina e ainda não foram capturados. Tenha cuidado ao abrir pacotes suspeitos."
Para mais informações, vejam os links:
http://latinoamerica.iop.org/cws/article/news/47257
http://www.nature.com/news/2011/110822/full/476373a.html
LHC@home

If you want to know more and, maybe, participate, please visit http://lhcathome.cern.ch.
DZero não confirma CDF
Excesso de massa em ~ 140 GeV não é confirmado.

Há aproximadamente dois meses, o experimento CDF, do Fermilab, anunciou a observação de um excesso no espectro de massa invariante de di-jatos na região de 140 GeV (postei isso aqui na ocasião). Nos últimos dias, o experimento DZero, também no Fermilab, anunciou que, mesmo seguindo a mesma análise, na medida do possível, não foi capaz de observar esse excesso (ver figura acima). Os dados analisados estão de acordo com as previsões do modelo padrão. Detalhes da análise do experimento DZero encontram-se nesse site, incluindo o artigo submetido à publicação. Isso mostra a importância da verificação de resultados experimentais. Somente através da reprodutibilidade de resultados é que a Ciência avança e é possível aprofundar o conhecimento. Essa história está longe de terminar. O Fermilab criará uma força tarefa para averiguar em detalhes as duas análises. Nesse tempo, o LHC pode desempenhar um papel fundamental na resolução dessa questão, através da medida dos mesmos observáveis nos seus experimentos. Façam suas apostas.
Resolução da P2 de Introdução à Física Nuclear
Nesse link está disponível a resolução da P2 de Introdução à Física Nuclear. É claro que há variações nos métodos de solução e apresentação dos resultados e isso será considerado.A antimatéria mais pesada detectada
Experimento STAR detecta antialfas em colisões Au+Au
Depois de exatamente cem anos da descoberta do núcleo atômico por Rutherford, bombardeando partículas alfa (núcleos de hélio-4) em átomos de ouro, o experimento STAR, localizado no RHIC, nos EUA, mediu, pela primeira vez, partículas de antialfa, a antimatéria correspondente da partícula alfa. Antimatéria teve sua existência prevista por Dirac no final da década de 1920 e, desde então, partículas de antimatéria têm sido observadas em vários experimentos, desde o pósitron, poucos anos depois dessa previsão, até núcleos de anti-hidrogênio, em meados de 1990. Antialfas correspondem às partículas de antimatéria mais pesadas já observadas pelo homem. Esse trabalho, que consta com a participação do nosso grupo de pesquisa, foi publicado nesse domingo na revista Nature.
Colisão Au+Au no experimento STAR. A linha em vermelho corresponde a uma antipartícula alfa.
A figura acima mostra um evento real medido pelo experimento STAR onde uma partícula de antialfa foi identificada (linha vermelha nessa figura). No total foram encontradas 18 dessas partículas (em meio a trilhões de outras partículas) em mais de um bilhão de colisões entre núcleos de ouro com velocidade de aproximadamente 99,995% da velocidade da luz.
Bóson de Higgs no Tevatron?
Hoje (na verdade, há alguns dias) o Tevatron, no Fermilab, nos presenteia com uma possível grande descoberta. Análises dos dados do experimento CDF (arXiv:1104.0699v1) mostram um sinal de aproximadamente 3σ de significância em uma região de massa próxima à 150 GeV/c2. Vem até em um momento conveniente meu, quando discuto com meus alunos a importância de uma análise estatística na confiabilidade dos dados para fazer uma descoberta científica. A figura importante desse trabalho está mostrada logo abaixo.
A figura da esquerda é o sinal bruto, que corresponde à massa invariante de di-jatos medidos pelo experimento em associação a um bóson W. Note o pequeno excesso, em relação ao fundo calculado, em torno de 150 GeV/c2. Depois que esse fundo é subtraído (figura da direita), nota-se um pico estatisticamente significativo que, nessa figura, é ajustado por uma gaussiana. Se verdadeiro, corresponde à descoberta de uma nova partícula. Mas que partícula seria essa?
Quando a divulgação é mal feita o mundo acaba em 2012
Fazer divulgação científica não é tarefa fácil. Fácil é a gente tentar fazer analogias incompletas, ou equivocadas, e criar falsas verdades. A divulgação da imagem abaixo pela mídia é um exemplo típico disso. Essa imagem foi publicada em praticamente todos jornais e sites de divulgação hoje.
Geóide terrestre anunciada hoje.
« Previous page |
Displaying entries 31-40 of 201 |
Next page »