Indiferença?

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Ontem ocorreu a V Reunião de Iniciação Científica do IFUSP. Evento de uma tarde, com quatro sessões paralelas, com quase quarenta apresentações orais de alunos de I.C. Teve de tudo, desde física teórica básica até aplicações diversas. A direção do IFUSP cancelou as aulas no período para que todos pudessem participar. Vejo esses encontros como uma oportunidade ímpar para alunos de graduação ganharem experiência, apresentando seus trabalhos de pesquisa. Ganham também os alunos que não apresentam, pois podem aprender muita física atual com uma linguagem mas acessível. Ganham os professores, que podem passar um pouco da sua experiência aos alunos, através de perguntas, sugestões, conselhos, etc., além de se atualizar no que o seu colega está trabalhando. No final, ganha todo o IFUSP, que pode crescer e se integrar.

O que ocorreu de fato? Houve muitos seminários interessantes. Para mim foi bastante prazeroso. Mas, por outro lado, foi triste ver as salas vazias de alunos e professores. Houve, inclusive, professores, que não cancelaram suas aulas. Presenciei, também, seminários nos quais o orientador não estava presente para prestigiar o seu aluno! Em determinado momento, contei na sala eu, o chair da sessão e o orientador como platéia. Três pessoas!!!!! Isso é lamentável.

O que posso concluir disso tudo? A indiferença da comunidade do IFUSP com a pesquisa que é realizada aqui? Indiferença dos docentes em relação aos alunos? Indiferença dos alunos em relação aos seus colegas? Indiferença dos docentes e alunos com a física, extremamente interessante, que fazemos aqui? Se isso for realmente o que ocorre, onde vamos chegar? Me arrepio de pensar...
Alexandre Wednesday 07 October 2009 at 2:42 pm | | Default

five comments

Anônimo

estava fazendo síntese =(

Anônimo, - 12-10-’09 00:15
Maurício Lagatta

Sabe qual a conclusão que eu, como aluno, chego? A minha opinião é que as matérias exigem muito do nosso tempo como aluno. Além de ser desgastante, é desconfortável, pois como você muito bem viu, não sobra tempo pra assistirmos palestras, por exemplo, e quando sobra já não queremos, pois estamos cansados. Matérias como o Lab, que são apenas quatro créditos de aula, mas quantos deveriam ser? Não sei qual o melhor jeito de fazer a nossa avaliação, mas é fato que o modo atual está incoerente com o credito/aula atual. Seria interessante levantar esta questão entre os professores e os alunos para ver as opiniões. A minha sugestão é que as matérias LAB contem mais créditos, pelo menos 6, não sendo necessariamente todos de aulas. É claro que não é só o LAB que é assim, mas aqui encontrei uma abertura para um comentário/crítica. É por este motivo então que os alunos além de perderem o interesse pelo curso, indicando um alto índice de desistências, perdem a vontade de fazer programas acadêmicos, como ir a tais palestras. Agradeceria uma opinião sua por email. Grato,

Maurício Fernandes Lagatta, aluno do IF.

Maurício Lagatta, (Email ) - 25-10-’09 19:45
Alexandre

Oi Maurício,

Deixe-me comentar primeiro o que é mais fácil: sobre os créditos de lab, concordo com você que deveríamos aumentá-los. Aliás, essa é uma briga dos professores de lab há mais de uma década no IFUSP. O problema é que laboratório sempre foi visto com muito desprezo por uma fração muito grande da comunidade. Felizmente, nos últimos anos, pós-labflex, muitos têm se conscientizado que 4 créditos é pouco mesmo. Quem sabe na próxima reforma de curso isso mude.

Sobre a indiferença, essa é efeito. Tá lá. Precisamos, urgentemente, avaliar quais são as suas causas. Você citou a grande pressão sobre os alunos. Acho que essa é uma delas, talvez importante. Acredito que há muitas outras. Esse é um trabalho complicado… Para citar um exemplo, durante a semana de recepção aos calouros, quando eles percebem que não haverá aula, um número significativo desaparece. Isso é um indício de outros fatores porque, até então, não houve pressão do curso. Isso me levanta a questão que acho urgente estabelecer uma resposta: porque o aluno ingressante decidiu cursar física? paixão pela ciência, necessidade de um diploma (vestibular fácil), não entrou na poli? Respondendo essa pergunta podemos conhecer melhor algumas das causas que geram a indiferença que vemos hoje. Dependendo desse perfil podemos definir quais são os passos necessários para tornar os alunos mais interessados em física e ciência em geral, mesmo para aqueles já empolgados.

O aprendizado fora da sala de aula é muito valioso e é (deveria ser) o diferencial da USP. A USP é uma das poucas instituições de ensino superior na qual a pesquisa faz parte do dia a dia do ensino. Todos (praticamente) docentes são pesquisadores. Se conseguirmos que os alunos usem a pesquisa como parte da sua formação estaremos formando melhores pessoas.

E olhe que eu nem toquei no resto da comunidade: docentes, pós-docs, alunos de pós-graduação. O que leva essas pessoas a não participarem dos eventos do IFUSP? Excesso de cobranças, prazos muito curtos de bolsas de pesquisa, excesso de burocracia na Universidade?

Esse é um problema complexo de solução também muito complexa. O ponto é que temos uma comunidade de, sei lá, aproximadamente 2000 pessoas, que não consegue encher um auditório de 90 lugares. Isso é assustador.

Alexandre, - 26-10-’09 10:13
Maurício Lagatta

Alexandre,

É verdade. Não havia pensado em todo o resto da comunidade interessada, mas somente na comunidade a qual eu pertenço, que é a dos alunos. De ontem pra hoje lembrei de mais uns fatores relacionados às desistências do curso e gostaria de comentá-los.

Primeiro, temos aquele aluno de ensino médio que tem a falsa visão de que a física é o estudo de “bloquinhos”, tal como é passado no Ensino Médio. Convenhamos, resolver problemas de bloquinhos era divertido naquela época! rs O que quero dizer é que os alunos generalizam o que foi ensinado no Ensino Médio para o ensino superior, de modo que alguns se decepcionam quando se deparam com matérias como Cálculo I, por exemplo.

Outro problema que existe, ao meu ver, é o sistema de notas de corte. Há um certo absurdo em calcular a nota de corte do jeito que é hoje. Em conversas com amigos da graduação, todos concordam que a nota de corte da Física é muito baixa. Os alunos entram aqui muito “facilmente”, de modo que não se encontram preparados para o que vão encontrar aqui dentro. Quantas vezes já ouvi de bixos que desistiram: “O curso é muito difícil.” É claro que é difícil, mas o que deixa mais difícil é a falta de preparo com que eles entram.

Sobre o LAB, que bom que não é apenas uma opinião de aluno. Seria muito mais gratificante se dedicar a algo que fosse reconhecido.

Maurício Lagatta, (Email ) - 26-10-’09 14:55
Rodrigo

Suaide, boa noite.

Fui seu aluno a alguns anos atrás e hoje estou fazendo doc no IAG. Além de tudo o que você falou, existe um problema crônico com relação aos alunos mesmo, que percebo desde que entrei na graduação e persiste na pós. Se o aluno estuda física experimental, ele despreza o teórico e vice versa. Se o aluno estudo mecânica estatística, ele odeia ótica. Se ele estuda nuclear, ele não gosta de fluidos. No IAG, o astrônomo detesta quântica, o cosmólogo odeia mecânica, e por aí vai. As pessoas deixam de ver a física como uma coisa bonita e interligada, e passam a se interessar apenas por suas áreas específicas, sejam teóricas ou experimentais. Não sei se isso faz parte da cultura, se é culpa dos professores ou dos alunos, mas isso é fato. Assim, provavelmente a situação vai continuar como está, e os seminários continuarão vazios, pois cada sessão vai atender uma parcela somente da comunidade, já que o restante não vai estar interessado. É triste mas é a verdade.

Rodrigo, - 01-07-’12 19:41
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