Qualidade vs. quantidade

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Recentemente tem havido discussões no IFUSP sobre a carga didática dos seus professores. 4 horas, 6 ou as 8 horas (de acordo com a LDB)? Muitas são as opiniões dos nossos colegas, sejam eles professores, alunos do IFUSP, ou apenas pessoas preocupadas com a qualidade do ensino em Física na USP. Muitos colegas defendem que um docente não pode dedicar mais que 4 horas a atividades didáticas em sala de aula. O aumento desta carga, segundo estes colegas, acarreta em uma degradação da qualidade do ensino de Física e que a discussão sobre este assunto é injustificável.

O simples fato de haver discussões já é um grande passo no desenvolvimento de um Instituto mais saudável, capaz de dialogar e chegar a um consenso. A ausência da discussão seria reflexo de um Instituto com idéias congeladas e sem a capacidade de adaptação a novas realidades.

Quando vejo a situação atual do IFUSP no que diz respeito à carga didática chego à conclusão que o cumprimento das 6 horas regulamentadas (até mesmo 8, porque não?) não acarretaria em um prejuizo do ensino de Física. Temos professores de elevada competência que, com certeza, não dependem destas 2 horas extras para preparar os seus cursos. Não é a quantidade que define a qualidade do ensino (até certo ponto) mas sim o preparo e dedicação do docente como professor. Professores que despertam o senso crítico do aluno, estimulando a participação e questionamento em sala de aula (e fora dela) são muito mais benéficos que aqueles que dão aula somente para cumprir o contrato de trabalho. Aliás, o ensino no IFUSP pode ganhar qualidade com o cumprimento da carga didática. Hoje uma parcela significativa da carga didática é cumprida por monitores (alguns até não formados) e pós-docs. Alguns monitores são realmente merecedores de serem professores no IFUSP mas a maioria peca com a falta de experiência e até formação básica para serem responsáveis por salas de aulas. O aumento da carga didática diminuiria a dependência do IFUSP nos seus monitores, tornando possível a escolha dos mesmos por mérito e não por necessidade. Este cumprimento também acarretaria, a longo prazo, na contratação de novos docentes, que vem sendo dificultada pela baixa média da carga didática dos nossos docentes. Isto permitiria ao IFUSP se preocupar mais com a qualidade e aprimoramento do seu ensino do que apenas fechar a grade de horário, a todo custo, semestre a semestre, muitas vezes necessitando cancelar cursos que vinham sendo oferecidos com regularidade. Sem falar de disciplinas que não são oferecidas há muitos anos e que poderiam enriquecer a formação de nossos alunos.

O cumprimento da carga didática de 6 horas, no meu ver, não é problema para o nosso ensino e pode ser parte da solução. Fico feliz disto estar em discussão. Esta discussão é saudável e necessária. Tenho certeza que o IFUSP chegará a um consenso que, de fato, acarrete em um avanço do seu sistema de ensino.
Alexandre Tuesday 26 September 2006 at 9:23 pm | | Default

three comments

pirata

sera que os professores que reclamam nao estao acomodados nao?

pirata, (Email ) - 28-09-’06 11:25
Alexandre Suaide

Oi Pirata

Acredito que pode haver de tudo entre os que acham que 4 horas é o limite. Deve haver colegas que acreditam realmente que o curso possa ser prejudicado mas também deve haver aqueles que simplesmente estão acomodados e/ou acham que dar aula é perda de tempo e que poderiam usar este tempo para algo melhor.

Alexandre Suaide, - 28-09-’06 12:50
pirata

mas os acomodados, estao no lugar errado. nao estao cumprindo com um dos itens do tripe da universidade, ensino-pesquisa-extensao.

pirata, (Email ) (URL) - 28-09-’06 18:23
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